Seguidores

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Partidas...




Há certas coisas na vida que não se tem explicação. Uma amizade que acaba, uma morte que chega sem pedir licença, uma saudade que insiste em doer, uma partida....
Que nossos desencontros nos levem para outros caminhos que talvez nunca iriamos percorrer. Assim aconteceu comigo em um dia de maio...



09 de maio

Partiu.
Pode alguém partir sem sair do lugar?
Ir embora para sempre, sem nunca viajar para terras distantes.
Sem nunca olhar novos entardeceres?
Ficar esquecido, perdido, solto, sem ao menos um adeus...

Pois, partiu.
Não se sabe para onde, apenas saudades deixadas atrás da porta,
que sem um pingo de piedade
insistem em martelar noite e dia a sua ausência.

Como pôde partir assim, indo tão longe?
Sem ter deixado ao menos um bilhete, uma pista, um abraço, um sorriso escondido em algum par de sapato?
Uma fresta de esperança iluminando meu jardim?

Pois partiu.
Ficou a saudade doída, sofrida, jogada às feras querendo gritar.
Ficou o vazio no peito,
que nem as batidas incessantes do coração conseguem preencher.

Como pôde partir assim, ficando tão perto?
Tão perto.
Tão perto.
..................

Preciso arrumar suas coisas.
Limpar o quarto, comprar as flores.
Que flor você gostava mesmo?
Que cores eram as suas? Que risos ainda restam?

Por onde andas agora sem ser aqui,
em minhas tristes lembranças de dias eternos fenecidos?

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Luminárias - MG


Há muito tempo eu tenho vontade de escrever alguma coisa que falasse da minh'alma. Tenho, confesso, alguns escritos guardados sobre momentos vividos de maneira singular. Como o de Luminárias, uma pequena cidade de Minas Gerais, onde passei a semana santa do ano de 2006. Tentei registar o que o coração sentia e as palavras não conseguiam descrever... Há certas coisas na vida que não conseguimos partilhar nossos sentimos, apenas sentimos.
djalma,scj




Luminárias

Quando avistei pela primeira vez suas casas
entre o verde estonteante dos montes,
confesso que fiz o sinal da cruz
e rezei a Deus pedindo proteção.
Era muito diferente de mim,
apesar de me sentir em casa
logo na manhã seguinte.
A cada olhar de seus filhos,
tentava descobrir os mistérios de suas vidas,
as esperas de seus velhos
os sonhos ausentes dos seus jovens.
Pude vê-la sob a névoa espessa da madrugada.
Linda, vestida de branco, velada pela natureza.
Talvez uma das visões mais bonitas que tive de você.
Talvez ali, sob os pés do Cristo,
pude conhece-la profundamente como és.
Não precisava se mostrar.
Deixava que a própria natureza se incumbisse de te ornar com o que tinha de melhor,
a névoa.
Encontrei muitos olhos,
conheci muitos corações...
Carmem, Célio, Galvão, Ana, Catrina, Mariana...
Atravessamos juntos a morte e chegamos na vida plena,
ressurreição,
no broto novo de suas quaresmeiras no Canavial,
na água fresca de suas cachoeiras feito fumaça,
na esperteza ingênua de suas crianças.
Voltei para meu caminho...
mas diferente.
Estranhamente iluminado pelos seus montes,
sabendo um pouco mais de mim mesmo.
Valeu a pena ter feito o sinal da cruz quando te vi.
Era muita beleza
e meu coração poderia não agüentar...